Revisão Científica: Dra. Ana Torre
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A vaginose bacteriana é uma infeção vaginal muito frequente e facilmente tratável, mas que pode ser desagradável. Afeta 1 em cada 3 mulheres em idade fértil e é causada por um desequilíbrio na microflora vaginal, onde as bactérias "más" se multiplicam em excesso. Neste artigo, vais aprender a identificar os sintomas, compreender as suas causas e descobrir os melhores cuidados para prevenir e tratar esta condição.
O que é a Vaginose Bacteriana?
A vaginose bacteriana é uma infeção vaginal causada, tal como o próprio nome indica, por bactérias, e não por fungos como é o caso da candidíase, e ocorre quando há um desequilíbrio na microflora íntima.
Na vagina vivem naturalmente diferentes microrganismos, incluindo bactérias “boas” que ajudam a manter o pH ácido e a proteger contra agentes nocivos. Quando este equilíbrio se altera e as bactérias “boas” diminuem, as bactérias potencialmente prejudiciais podem crescer em excesso, causando a vaginose bacteriana.
Quais são os sintomas da Vaginose Bacteriana?
• Corrimento vaginal anormal: Geralmente branco-acinzentado, fluido ou pastoso, e com um odor desagradável.
• Odor forte: Um cheiro intenso, muitas vezes descrito como “a peixe”, que pode ser mais notório após as relações sexuais ou durante a menstruação.
• Dor ou prurido (comichão) não são sintomas comuns da Vaginose Bacteriana.
É importante notar que o odor característico “a peixe” da vaginose bacteriana é muitas vezes mais acentuado após as relações sexuais, devido à interação do fluido seminal (que é alcalino) com as secreções vaginais ácidas, e também pode piorar durante a menstruação.
Quais as Causas da Vaginose Bacteriana?
Não há uma única causa para a vaginose bacteriana, mas sim vários fatores que contribuem para o desequilíbrio da flora vaginal:
• Prática de duches vaginais (lavagens internas): Esta prática é desaconselhada, pois pode alterar o pH e a flora vaginal, favorecendo o desequilíbrio.
• Utilização de produtos de higiene íntima agressivos ou perfumados: Sabonetes comuns ou produtos com perfumes podem irritar a mucosa vaginal e desequilibrar a flora.
• Alterações hormonais: Fases como a puberdade, gravidez e menopausa podem influenciar o equilíbrio da flora vaginal.
• Relações sexuais desprotegidas ou com múltiplos parceiros: As relações sexuais podem alterar o equilíbrio do pH vaginal e introduzir bactérias.
• Toma de antibióticos: Os antibióticos podem eliminar tanto as bactérias "más" quanto as "boas" da vagina, levando a um desequilíbrio.
• Utilização de DIU (dispositivo intrauterino): Pode aumentar a probabilidade de desenvolver vaginose bacteriana.
• Período menstrual: Estar na fase menstrual também pode influenciar o desenvolvimento da vaginose bacteriana.
Como Tratar a Vaginose Bacteriana?
Na maioria dos casos, o tratamento da vaginose bacteriana é simples e apresenta elevada taxa de sucesso. No entanto, é essencial confirmar o diagnóstico e seguir a orientação médica para garantir que a infeção é totalmente resolvida e reduzir o risco de recorrências.
Antibióticos
Geralmente prescritos em comprimidos ou géis vaginais, atuam diretamente sobre as bactérias responsáveis pela infeção. É fundamental cumprir todo o período indicado, mesmo que os sintomas desapareçam antes, para evitar recaídas.
Cremes Vaginais
Podem ser recomendados como complemento, ajudando a eliminar a infeção e aliviar o desconforto local.
Probióticos
Em paralelo, podes usar probióticos vaginais ou orais para ajudar a restaurar o equilíbrio da flora vaginal e prevenir recaídas. Estes probióticos, que contêm estirpes específicas de lactobacilos, como Lactobacillus rhamnosus ou Lactobacillus reuteri, ajudam a restabelecer o ambiente vaginal saudável, impedindo a adesão e o crescimento das bactérias prejudiciais. Devem ser usados como complemento e nunca como substitutos do tratamento médico com antibióticos.
Durante o tratamento, é aconselhável evitar relações sexuais para não agravar a irritação e não prolongar a infeção. Se utilizas espermicidas ou DIU, fala com o teu ginecologista, pois estes métodos podem influenciar o equilíbrio vaginal.
Higiene Íntima: O que fazer e o que evitar para prevenir a Vaginose Bacteriana?
A tua rotina de higiene íntima tem um papel essencial na prevenção da vaginose bacteriana, mantendo o equilíbrio da flora vaginal.
Dicas para prevenir a Vaginose Bacteriana
• Higiene adequada: Lava a zona externa da vulva apenas uma vez por dia, utilizando um gel íntimo com o pH equilibrado.
• Evita produtos agressivos: Não uses sabonetes corporais ou produtos perfumados na zona íntima.
• Secagem: Seca bem a zona íntima após o banho.
• Roupa interior: Prefere algodão e evita roupas muito justas ou sintéticas.
• Hábitos de casa de banho: Faz a limpeza sempre da frente para trás.
• Duches vaginais: Evita completamente, pois alteram o pH e eliminam bactérias protetoras.
• Relações sexuais: O uso de preservativo, especialmente com novos parceiros, ajuda a prevenir alterações na flora vaginal.
• Imunidade e Alimentação: Mantém uma dieta equilibrada e considera probióticos vaginais, no caso de infeção de repetição e sempre sob consulta médica.
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Vaginose ou Candidíase: Como Distinguir?
É comum confundir vaginose bacteriana com candidíase, mas são infeções distintas e com tratamentos diferentes.