Revisão Científica: Dra. Ana Torre
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Escolher um método contracetivo é uma decisão importante para a tua saúde e bem-estar. O objetivo é simplificar a informação, para que possas encontrar uma solução segura, eficaz e adaptada ao teu estilo de vida.
A contraceção pode assumir várias formas: desde métodos hormonais e dispositivos intrauterinos, até opções de barreira, naturais ou definitivas. Conhecer as diferenças entre os diferentes métodos é essencial para fazer uma escolha informada e em linha com as tuas necessidades.
O que são Métodos Contracetivos e quais os seus tipos?
Os métodos contracetivos são recursos ou dispositivos cujo objetivo é prevenir uma gravidez não planeada. Alguns oferecem também benefícios adicionais, como a regulação do ciclo menstrual, redução de sintomas ginecológicos ou proteção contra infeções sexualmente transmissíveis (IST).
De forma generalizada, os métodos contracetivos dividem-se em duas grandes categorias:
- Métodos Hormonais: utilizam hormonas (estrogénio e/ou progesterona) para inibir a ovulação ou modificar o muco cervical (ex.: pílula, anel vaginal, adesivo, injeções, implante, dispositivo intrauterino hormonal).
- Métodos Não Hormonais: atuam sem recurso a hormonas (ex.: preservativo masculino e feminino, DIU de cobre, espermicidas, diafragma, capuz cervical, laqueação tubária, vasectomia).
Além disso, existem os contracetivos de emergência (com ou sem hormonas) que podem ser usados no caso de esquecimento na toma da pílula habitual, rompimento do preservativo ou relações sexuais desprotegidas por outro motivo.
Métodos Contracetivos Hormonais
Dentro dos métodos hormonais tens várias opções, que diferem na forma de administração, duração e perfil de hormonas utilizadas (estrogénio e/ou progesterona):
Pílula Combinada (Estrogénio + Progesterona)
Inibe a ovulação e altera o muco cervical. É eficaz, regulariza o ciclo e reduz sintomas como acne ou cólicas, mas exige toma diária e pode não ser indicada em mulheres fumadoras >35 anos ou com risco cardiovascular.
Pílula de Progesterona (“minipílula”)
Indicada para quem não pode usar estrogénios, como mulheres em amamentação. Atua sobretudo tornando o muco cervical mais espesso. Exige maior rigor na toma diária à mesma hora.
Anel Vaginal
Liberta hormonas localmente durante 3 semanas. É discreto, confortável e não requer rotina diária, mas pode causar desconforto em algumas utilizadoras.
Adesivo Contracetivo
Aplicado na pele semanalmente, liberta hormonas para a corrente sanguínea. Eficaz e prático, mas pode causar irritação cutânea.
Injeções Hormonais
Administradas a cada 3 meses. Muito eficazes, mas podem causar irregularidades menstruais e atraso no regresso da fertilidade após suspensão.
Implantes Subcutâneos
Pequena haste colocada no braço, eficaz até 3 anos. É uma das opções mais seguras e de longa duração, mas exige colocação/remoção médica.
Dispositivos intrauterinos hormonais (DIU)
Pequeno dispositivo colocado no útero que liberta progesterona. Pode durar entre 3 a 8 anos, reduz fluxo menstrual e cólicas, mas requer colocação em consulta.
Métodos Contracetivos Não Hormonais
Dentro dos métodos não hormonais temos várias opções, que se dividem em barreira, intrauterinos, químicos, naturais e definitivos:
Métodos de Barreira
Criam uma barreira física que impede a entrada de espermatozoides no útero:
- Preservativo masculino e feminino - únicos que protegem contra ISTs. Acessíveis e de uso pontual. A eficácia depende da utilização correta.
- Diafragma, capuz cervical - dispositivos reutilizáveis que cobrem o colo do útero.
- Esponja contracetiva – barreira descartável impregnada com espermicida.
Métodos Intrauterinos Não Hormonais
DIU de cobre: dispositivo colocado no útero por profissional de saúde, que impede a fertilização através de vários mecanismos. Dura 5-10 anos, mas pode aumentar o fluxo menstrual e cólicas nos primeiros meses.
Métodos não hormonais adicionais (químicos)
Espermicidas: substâncias (óvulos, cremes, géis) que imobilizam ou destroem os espermatozoides. Geralmente usados em combinação com métodos de barreira para maior eficácia.
Métodos naturais ou de monitorização da fertilidade
Métodos autocontrolados para evitar uma gravidez que incluem o rastreio do ciclo menstrual e medição da temperatura corporal com o intuito de identificar os dias férteis. São menos eficazes e exigem ciclos regulares e disciplina rigorosa.
Métodos definitivos
Soluções cirúrgicas, indicadas apenas quando não se pretende ter filhos no futuro, por serem praticamente irreversíveis
- Laqueação tubária (mulheres): bloqueio ou corte das trompas de Falópio.
- Vasectomia (homens): bloqueio ou corte dos canais deferentes.
Não existe um método universal para todas as pessoas, a escolha deve ser personalizada, tendo em conta a idade, historial clínico, estilo de vida e objetivos de planeamento familiar.
Contraceção de emergência (pílula do dia seguinte)
A pílula do dia seguinte é um método contracetivo de urgência, pensado para situações em que houve uma relação sexual desprotegida, ou em que o método usado falhou (rompimento ou uso incorreto do preservativo, esquecimento da toma da pílula, etc.).
Atua sobretudo atrasando a ovulação e deve ser tomada o quanto antes, idealmente, nas primeiras 24 horas, embora possa ser ingerida até cinco dias após a relação sexual, dependendo da sua composição.
É importante reforçar que não interrompe uma gravidez já existente e não faz mal a um embrião já implantado. É apenas uma ajuda pontual, para prevenir uma gravidez indesejada, quando houve um imprevisto.
Os efeitos secundários são, na maioria das vezes, leves e passageiros, como pequenas alterações no ciclo menstrual, náuseas ou cansaço. Mas atenção: a pílula do dia seguinte não deve ser vista como um método contracetivo regular, antes como um recurso de emergência - um “plano B” -, para te dar tranquilidade quando algo não correu como planeado.